terça-feira, 14 de outubro de 2014

DA CONFUSÃO ENTRE SUSPEITOS E CONDENADOS: O PRINCÍPIO FICTÍCIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA.



Inspirado pelo grande professor de Direito Penal de Alagoas, Dr. Leonardo de Moraes, ressuscito, como se analogicamente evocasse a presença de uma Fênix, esse espaço que muito me alegra e inspira a sua manutenção.

Bom, iremos aqui, neste momento, não tentar, pois quem tenta não faz, mas discorrer brevemente sobre um tema tão controverso, e diria que o é, não pela juridicidade, mas pela popularidade, ou melhor pela sua IMpopularidade.

Vemos nossa sociedade “leiga” sedenta por vingança contra os criminosos e contra os agentes políticos que surrupiam o dinheiro público de forma tão descarada, confesso que me deixa perplexo quando escuto um áudio do tipo do depoimento do senhor Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobrás, e o pior de tudo, é que ele “devolveu” aos cofres públicos uma quantia de mais de cinquenta milhões de reais advindos como ele mesmo se refere na gravação, “de meios ilícitos”, o que nos leva a pensar: “há muito mais de onde saiu essa quantia”.

Mas eu creio que muito mais do que o fato do desvio bilionário na Petrobrás, a mim ao menos me deixa muito mais assombrado, o caso do vídeo que chegou ao meu acesso através do app de mensagens Whatsapp, de um cidadão que havia sido preso em goiás (salvo engano) acusado de estuprar algumas mulheres, e dentro da cadeia foram filmadas várias cenas grotescas que prefiro não ter de puxar à memória para reproduzir, mas eu fiquei a me perguntar algumas coisas. Será que os agentes penitenciários não ouviram tamanha confusão e gritaria? Um dos presos estava com um celular de última geração em seu poder dentro da cadeia? Entre outras perguntas que serão mote para os próximos textos.

Mas e se esse “coitado” que foi vilipendiado e espancado, for declarado inocente? Quem vai recuperá-lo de tamanhas atrocidades que sofreu? Ninguém, isso jamais será apagado da mente e do corpo do acusado, e temos que ser muito cuidadosos, pois podemos vir a passar pelas mesmas agruras, assim como aqui em Alagoas, já vimos diversos casos, dois deles vou pedir licença para fazer referências vagas.

O primeiro tratou-se de uma acusação de estupro ocorrida a alguns anos, onde os personagens eram um cantor alagoano e uma jovem de família abastada, que se viram num motel (?), e no final da noite brigaram e ela o acusou de tê-la estuprado, cidadão preso, por diversos meses, no presídio, cuidadosamente colocado em uma ala em separado da carnificina que é o interior dos módulos, não se houve notícia de nenhum abuso cometido contra sua integridade física, o processo correu e o que aconteceu ao final? O Cantor foi inocentado de toda a acusação, agora me pergunto, acaso tivesse ele sido jogado aos “leões famintos” o que teria ocorrido com ele?

Outro caso, mais recente, ocorreu num bairro da periferia de Maceió, denominado Benedito Bentes, onde um cidadão teve seu comércio e sua casa completamente destruídos/incendiado (salvo engano) pela população, que o acusava de estupro de uma menor, preso para não ser morto pela população, ao final das investigações policiais, INOCENTE... absurdos como esse de vingança popular particularmente me revoltam, pois, ninguém devolve o que ocorrera com os acusados.

Recordei-me agora do caso da mulher que foi espancada até a morte, não me recordo o local no momento, por ser acusada de parecer com um retrato falado divulgado por um site de notícias como sendo assassina de crianças em rituais de magia negra.
Basta que procuremos para que começemos a nos lembrar de vários e vários casos diferentes.

O que mais me preocupa hodiernamente, não é só o fato da imprensa sensacionalista que fica na porta das delegacias para registrar a chegada dos acusados nos “camburões”, e não esperam nem a polícia descer com eles, já os “pegam” na mala da viatura ainda, mas a conivência dos agentes públicos da nossa Caserna, que em alguns casos chegam a puxar os indivíduos pelos cabelos para que mostrem seus rostos.

Confesso que cheguei a sentir na pele, quando lecionei no Centro de Formação de Praças da Polícia Militar de Alagoas, que essa energia do revanchismo e da revolta emana no ar da corporação.
Acredito eu que a nossa Briosa deveria ser a profissão que melhor remunerasse o seu membro, pois é uma profissão vocacionada acima de tudo, porque eu desafio a qualquer um, poucos seriam os que iriam enfrentar bandidos recebendo o que um policial recebe.

Peço desculpas pela extensão do texto, mas o assunto é deveras contagiante, tanto o é que eu creio que foquei muito mal na problemática levantada no tema, mas é isso, estamos abertos a críticas e sugestões.

ABRAÇOS A TODOS!!!