Ou seria melhor chama-lo de
espetáculo?
Estou eu, a viajar num voô da Trip
(pensem num assento ruim) saindo do meu paraíso (Maceió) com destino à Belo
Horizonte para uma consulta médica, quando nas longas uma hora e meia de vôo,
resolvi escrever um pouco para passar o tempo, e o que me vem à cabeça? Minha
estimada Brasília e o clima tenso que deve estar rondando o palácio da Justiça,
sede do Pretório Excelso (STF).
Penso que neste momento eu não
queria estar na pele dos 11 ministros do Supremo, mas também confesso que
amaria estar na pele do advogado do José Dirceu (deu para perceber que eu só
gosto e encrenca grande). É como se afirma, esse é o apogeu para qualquer
advogado criminalista que ame o que faz.
Relembro-me
do frio que tive na
barriga ao sustentar um Habeas Corpus perante a 2ª. Turma do STF, em
meados de
2007, quando, recém-formado, tinha à minha frente ícones como o Min. Celso de Melo,
César
Peluso e Ellen Gracie, minhas pernas tremiam mais do que "vara
verde" antes de iniciar a sustentação oral, e mesmo saindo vencido, foi
uma experiência ímpar na minha vida profissional e agora me pego
imaginando como seria sustentar uma defesa de um
réu, num processo midiático dessa monta, e perante todos o 11 ministros
do
Supremo.
Vocês já imaginaram se o que
divulgam por aí for verdade e nos autos não tiver prova contra nenhum deles? O
que o STF fará? Já imaginaram a opinião pública o que diria se todos os réus
forem absolvidos?
O que ao meu ver não é de todo improvável,
pois eu acho que é muito difícil de haverem provas concretas de tudo o que é
alegado pela acusação.
E quando ao término desse
cinematográfico julgamento os acusados não forem nenhum deles presos, o que a
sociedade achará? Porque não se iludam, eu acho pouquíssimo provável que algum
dos eventuais condenados, acaso sejam, saia de lá com o seu mandado de prisão expedido
e satisfaça a ira e o anseio popular de ver todos sendo algemados.
Após esse mês previsto para esse
julgamento, a história brasileira estará mudada para se fazer inserir nela, o
maior julgamento da história.
Na
segunda-feira vindoura (06/07/2012), iniciar-se-ão as defesas dos 38
acusados (não gosto de me referir ao pólo passivo da demanda penal como
réu, acho muito pejorativo), e aí sim, como não há o direito à réplica
por parte do Ministério Público Federal, pois não estamos diante de um
procedimento do júri, iniciaremos os debates entre os ministros, que,
tirando pelo ocorrido, na questão de ordem levantada pelas defesas com
relação ao desmembramento, entre os ministros Joaquim Barbosa e Ricardo
Lewandovski, serão bastante acalorados.
Ainda há muita água a passar por
debaixo dessa ponte, quem for vivo verá!!
BRUNO SORIANO CARDOSO